domingo, 6 de dezembro de 2009

ENTREVISTA



SPQR Emerson Morais

"O artísta vê o mundo mais de perto. Me sinto uma espécie de Deus"

Ele tem 26 anos. É artísta visual. Concedeu essa entrevista ao som da batida eletro de Kraftwerk, mas possui em sua casa, violão, cifras de Roberto Carlos e gosta de funk. É professor de desenho em Cataguases. Está prestes a se tornar bacharel em Belas Artes, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, acontecimento que ele anseia por acreditar que o melhor vai começar. Mas mesmo sem perceber, ou por excesso de simplicidade e humildade, Emerson já acontece. Hoje podemos encontrar suas obras nas mãos de alguns colecionadores de peso no país, como; também no Museu de Belas Artes de Cataguases, em casa de jornalistas, produtores de moda, só para citar alguns. Também protagonizou uma adaptação livre de O Grande Circo Místico, onde viveu o palhaço Futelê e mostrou suas habilidades circences.


Juliano:O que é ser artísta visual?
Emerson: É algo mais abrangente, além da pintura, escultura, também desenvolvo trabalhos digitais, performances teatrais e ainda tem essas coisa do palhaço( ele dá vida ao palhaço Jenuveva). Faço arte comtemporânea.

J: Quem são os grandes nomes das artes pra você?
E:Vik Muniz, Sandro Boticelli, Edgar Degas... Entendendo o processo de criação desses caras eu pude entender o meu. Eu já tive raiva do meu processo, meu desenho sempre foi nervoso.


J: O que você fez na sua vida profissional que considere de maior repercussão?
E: A exposição 150, no Instituto Francisca de Souza Peixoto em Cataguases. Foi minha primeira exposição individual e emocionante porque comecei a trabalhar com aquelas pessoas, daquele lugar, lá sempre me falaram para eu 'correr atrás'.

J: Estudar, por exemplo, isso é 'correr atrás'?
E: Sim. Estudar é muito bom. Você ganha moral. Quando você está estudando você pode falar com mais certeza que 'nego' acredita, porque você estudou. Tem que estudar eternamente.

J: E o valor da arte? Como vive um artísta visual em questões financeiras?
E: É a tristeza do palhaço (risos). Olha só, sempre na história da arte as coisas acontecem com quem faz, e eu estou fazendo. Sei que ainda posso ser um grande nome, sou jovem, posso fazer mais e reclamar menos. A palavra, creio eu, é presença. Quanto mais presente eu estiver mais eu estou acontecendo. Tenho bons trabalhos. Aí agente vai sobrevivendo até quando der.

J: Você tem uma linha que o difere?
E: Eu acredito que esse trabalho com filmes está me direcionando para um caminho. Recebi algumas orientações da Laiz Assis, que é restauradora e colecionadora, entende de arte comtemporânea, ela me deu uns toques importantes em cima da minha obra.

J: Você tem muito em sua obra figuras de terror. É isso mesmo ou eu que vejo assim?
E: Eu gosto desse universo. Estive recentemente no laboratório de anatomia da faculdade. Gostei do cheiro do formol, de pegar uma cabeça humana morta, apaupá-la, ver com mais atenção; eu já faço isso comigo, mas no meu corpo eu tenho um limite. Pô, Leonardo da Vinci dissecava cadáveres.

J: Porque essa assinatura SPQR? O que é isso?
E: Foi um divisor de águas. É só uma tatuagem, significa força, tem uma representação importante para mim. Vi essa sigla em um desenho, mas não me lembro quando e onde.

J: O que é a sua arte?
E: Faço Figurativismo Expressionista. Tenho uma preocupação com a figura, cenários, humano, algo representativo. É a forma expressa da figura.

J: Para um futuro próximo, o que vem por aí?
E: Estou me formando. Vou ter mais tempo para correr atrás de espaço.

J: Suas considerações finais sobre nossa conversa:
E: A arte é muito bonita. Como tudo que é muito belo, muito bom, se você tem uma espécie de perda, de desilusão, o sentimento é muito grande, por isso todo artísta é um sofredor, porque ele vê o mundo muito mais de perto. Sou um artísta e por isso me sinto uma espécie de Deus.






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