segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Jacqueline Gouvêa

BODAS DE PRATA



Jacqueline Gouvêa é atriz e arte-educadora. Há 25 anos ela tem Cataguases como cenário de suas realizações artísticas. Figura marcante nas artes cênicas da região, hoje ela divide sua experiência com 250 alunos matriculados nas oficinas e aulas de teatro do Instituto Francisca de Souza Peixoto, Escola Estadual Coronel Vieira e Colégio Equipe. Imagem carismática, Jacqueline se mostra uma pessoa compassiva, tranqüila, acolhedora e simples. Por outro lado é confiante e tem bastante fé na vida, sabe o que quer e faz o que precisa ser feito em nome dos seus sonhos.

Juliano Cafe: Como começou a sua história com o teatro?
Jacqueline Gouvêa: Eu cresci com o teatro, desde a adolescência. São 25 anos ininterruptos de entrega a esta arte.

JC: Neste tempo, o que mais lhe marcou?
JG: Tudo. Neste mundo da arte você se aborrece e fica feliz na mesma proporção e todas as experiências foram muito válidas. Conheci muitas pessoas, me realizei e me realizo em aulas e palcos. Quando não sou atriz, me realizo admirando meus alunos no palco.

JC: Quem são os seus alunos? Você tem os preferidos?
JG: São Cataguasenses. Pessoas de todas as idades e que encontram no teatro uma nova forma de ver a beleza da vida. Não tenho preferidos, todos possuem seus momentos, como a Júlia Brita, por exemplo, que recentemente ganhou um prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro da FIC – Faculdades Integradas de Cataguases e veio em seguida ao meu encontro, juntamente com sua família, dividir o prêmio comigo, fiquei irradiada. Tem a Marina, que uma vez ficou doente e pediu a mãe para que não a tirasse as aulas de teatro, a Milena Campista, que é ótima, a Jéssica, são meninas excelentes, tem as Donas Chiquinhas ( grupo da melhor idade do Instituto) que são dedicadas e talentosas, é muita gente boa.



JC: Como são as aulas e as oficinas?
JG: Trabalho em cima do desenvolvimento da arte teatral, jogo desafios, aproveito as habilidades de cada um, tenho o cuidado de desenvolver o que os alunos querem, o que eles buscam no aprendizado.





JC: Você tem uma atuação em diversas frentes do teatro Cataguasense, é atriz, diretora, roteirista... Fale sobre Cataguases e essas possibilidades:
JG: Cataguases é privilegiada de forma ampla em relação a arte e cultura. Esta cidade me proporciona espaços e oportunidades, tem apoiadores e o Instituto Francisca de Souza Peixoto, na pessoa do Marcelo Peixoto, é o maior deles; tudo o que faço fica lindo porque tenho apoio total, liberdade para criar, experimentar, no Instituto minhas idéias são valorizadas. Um dos projetos que coordeno é a Companhia Gargalhada, lembro quando apresentei para ele (Marcelo) a proposta e na hora ele acreditou em mim, recebeu o projeto como um presente para o Teatro Rosário Fusco.







JC: E o Teatro Rosário Fusco? Como é sua relação com este lugar?
JG: Falta só minha cama lá (risos). É super hiper integrado com meus ideais de cultura e é o principal palco das minhas realizações.





JC: Você é pedagoga, por formação. Como você busca informações e conhecimento sobre o teatro?
JG: Meu aprendizado é na prática, tenho uma busca constante, leio muitos livros, creio ter um acervo excelente para conduzir meu trabalho, estou sempre estudando, pesquisando... Tem ainda alguns mestres que estão sempre próximos, como o Carlos Sérgio Bittencourt, já fiz várias peças com ele, é uma pessoa quem confio muito.

JC: Como você recebe o retorno dessa dedicação?
JG: Quando a platéia está repleta, quando a gente consegue florir o teatro, tenho retorno das pessoas que me abordam na rua, me perguntam sobre o teatro, me cumprimentam por algum espetáculo que assistiram, seja com minha atuação ou direção, sinto que sou uma referência sobre o teatro.


JC: E suas referências? Quem ou que são?
JG: Ah! Convivo com muita gente do teatro, pessoas muito diferentes, no teatro eu faço amigos, não nos encontramos sempre, mas quando acontece é intenso. Além do Carlos Sérgio, que citei há pouco, tem o Marquinhos e o Kaká Massena, tenho afinidades com eles, confiança, e isso é muito importante no teatro, quando subo no palco eu sei o meu papel mas e o outro ator? Eu tenho que confiar no outro, isso é muito bonito.





JC: Os profissionais da arte sempre ressaltam a importância dos ensaios. O que você tem a dizer sobre os seus ensaios?
JG: Adoro. É o momento de saborear a produção, o teatro mesmo. A apresentação é o produto final, são nos ensaios que acontecem o laboratório, também onde estudamos com mais detalhes o texto, é uma sensação gostosa, saborear é gostoso.



JC: Você fala do teatro com muita força, com entonação e gesticulação marcantes nas palavras como palco, ator, direção, texto...
JG: Não sei se é pretensão, mas eu tenho orgulho de tudo o que eu faço,o teatro me faz bem, é tudo muito mais forte do que eu (emociona). Não é simplesmente trabalhar, faz parte de mim, não saberia viver sem isso.





JC: Além do trabalho com atores, você também atua na produção do teatro de bonecos, é muito diferente?
JG: Sou amiga do Adriano (coordenador do grupo GPTo – Teatro de Bonecos), e por isso acabo me envolvendo, dou palpites e aí quando assusto já faço parte do grupo. Estabeleci uma relação profissional de adaptação e direção com o GPTo.É por isso que repito sempre que acredito na oportunidade que Catguases oferece, nas flores e nos frutos que colhemos sempre.



JC: Quando as cortinas se abrem...
JG: É como se fosse a primeira vez sempre, é muita emoção, é o que confirma a tese que o teatro é uma construção constante, é o frio na barriga, a tremedeira.



JC: Quando as cortinas se fecham...
JG: É uma sensação de realização. Fazer teatro não é dever é realização.





JC: O que é teatro?
JG: O teatro é encantamento, é ao vivo, está acontecendo ali, o teatro é tangível, é emoção viva na sua frente, teatro é emoção.





Breve currículo:

Adaptação e direção teatral - Sonho de Uma Noite de Verão com o grupo GPTo - Teatro de Bonecos

Atriz e co-direção-  Lona de Luz com o núcleo de teatro do Instituto Francisca de Souza Peixoto

Atriz - A Herança com o grupo Ktarse

Diretora, coordenadora e idealizadora - Companhia Gargalhada no Instituto Francisca de Souza Peixoto

Coordenadora de montagem e direção dos grupos teatrais Tecelões da Chica, Teatrando e Tecendo Cenas do Instituto Francisca de Souza Peixoto

Atriz - A Escultura e o Escultor no Museu de Belas Artes de Cataguases

Atriz - O Alienista no Museu de Belas Artes de Cataguases

Atriz - Verdades e Mentiras com o grupo Ktarse

Diretora - Gritos na Noite com o grupo de teatro de senhoras

Atriz - Ato Final com o grupo de teatro Tecelões D'art

Atriz - O País do Desejo do Coração no Festival de Teatro de Ubá com o grupo Gsamtkunswerk

Atriz - Outono  com o Grupo Gsamtkunstwerk

Atriz - Livro para quem precisa com o Grupo Gsamtkunstwerk