sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Veja!


O ano em que meus pais saíram de férias, dirigido por Cao Hamburger

Sabe aquelas histórias dentro de outras histórias? Pois é, essa é a primeira observação neste filme brasileiro sensacional .


Ditadura Militar. Uma triste parte da História do Brasil, que mesmo após aproximados 20anos desse regime político , ainda temos muito o quê saber e descobrir. O que acontecia no país na sua totalidade? Esse filme toca exatamente nesse ponto, nos leva a vibrar com a Copa do Mundo de 1970; Brasil Campeão! A cantar com Roberto Carlos; o rock conquistava a massa de brasileiros jovens! Nos fazem passar uns dias com um menino de 9 anos para entender como os leigos politicamente percebiam o regime ditatorial. É um olhar ingênuo sobre a Ditadura, que revela tristeza, medo, ansiedade, mesmo que da mais pura criança. Mas também nos envolvem com laços de amizade, coragem e esperança. O pequeno Milton, o menino que protagoniza a obra, nem imagina que viveu profundamente os efeitos da Ditadura. Inova em trazer a comunidade Judaica de São Paulo para a discussão. As gravações aconteceram em Campinas e tiveram um quarteirão inteiro da cidade como cenário, vale a atenção para a equipe de artes que reproduziu detalhes do quotidiano da época.

sábado, 16 de agosto de 2008

A Magia do Teatro de Bonecos






O Gpto – Teatro de Bonecos, do Instituto Francisca de Souza Peixoto, de Cataguases apresentou-se no dia 19 de abril, na cidade de Brazópolis, no sul do estado de Minas. Os espetáculos selecionados para a mostra cultural foram A Banda e também O Menino Mutante.Auditório cheio. Aproximadas 250 pessoas rapidamente adentraram o teatro do antigo prédio, onde hoje funciona uma Escola Técnica; a maioria do público formado por crianças. “É a segunda vez que a cidade recebe um grupo de teatro de bonecos, sendo que a primeira foi há mais de sete anos. Depois surgiram os bonecões, que hoje participam do carnaval em Brazópolis , então as pessoas já possuem noção desse tipo de arte.”, diz entusiasmado Luiz Gustavo Noronha, produtor do evento, que conta com o patrocínio do BDMG e do Governo de Minas, por meio do Fundo Estadual de Cultura.Com a tradição dos bonecões no carnaval e a visita de grupos de teatro de bonecos, Luiz Gustavo visualiza para o futuro um festival envolvendo mais artistas. “A idéia é essa”, diz.
O Menino Mutante
Medo do escuro? Que nada. Após a agitada, colorida e descontraída apresentação da Banda Gpto, o fascínio do teatro de sombras agrada as crianças de imediato. A história é de um menino que vivencia a sensação de ser pedra, lagartixa, água e outras mutações, ele descobre na escola um lugar possível para mais transformações. O Menino Mutante é inspirado na obra de mesmo nome escrita por Mauro Sérgio Fernandes, escritor mineiro que teve seu contato com o Gpto na ocasião de uma visita ao Instituto. “Ele foi para participar do Encontro com o Escritor (evento promovido anualmente pelo IFSP), ao ver o espetáculo admirou-se e disse do desejo de ver a história virar uma película para o cinema, interpretada por meio teatro de sombra, por nós”, fala Adriano Cunha, coordenador do Gpto e criador da trilha sonora da obra para o teatro.Depois do espetáculo, o público pôde visitar os bastidores e conversar com a equipe que compõe o Gpto. A satisfação da criançada não podia ser outra. “É muito legal. Estou emocionado, eu quero aprender a fazer“, diz o garoto Renan Sandy Miele, de 14 anos
Caráter Multiplicador
Os benefícios que a arte traz a uma comunidade podem ser comprovados pela Escola Municipal Altino Pereira dos Santos, a 18 KM de Brazópolis. Lá os alunos já vivenciam a magia do teatro de bonecos.Devido à apresentação do Gpto, um grupo de dois educadores e 19 crianças, foram ao teatro conferir o trabalho dos artistas cataguasenses. “Os astros do show são feitos por meio da reciclagem e isso é muito interessante. Trabalho com os alunos a arte do teatro de bonecos, a idéia, história e produção e ver o processo foi fundamental para eles”, fala o bonequeiro José de Lourdes, também estudante de pedagogia, que desenvolve o trabalho de artes na escola.A professora Maria Auxiliadora de Sá completa: “É a primeira vez que essas crianças entram em uma sala como esse teatro. Com certeza eles agora irão enxergar a forma das coisas com mais atenção, também irão desenvolver a criatividade, criar textos e dar vida aos bonecos”.




Galpão Ambulante


Os atores de um dos principaisgrupos teatrais do Brasil estiveram no dia 17 de junho no Instituto Francisca de Souza Peixoto, trata-se do grupo Galpão. Cataguases é uma das cidades escolhidas pelo grupo para uma turnê por Minas Gerais. Na ocasião, os visitantes interagiram com membros do GPTo- Teatro de Bonecos e os Doutores Cura-cura.

“É lindo o trabalho desenvolvido aqui” afirma a atriz Fernanda Vianna. Ela e os colegas ficaram encantados ao ver as atividades realizadas pelo GPTo e até acharam semelhanças entre alguns personagens criados por ambos os grupos. Outro projeto que chamou a atenção foi os Doutores Cura-cura: “Temos estudos em comum, como a história e pesquisa sobre a arte do Clown e a troca de experiência é sempre enriquecedora”, diz o ator palhaço, Tarcísio Vória.

O teatro Rosário Fusco foi outro ponto do Instituto que despertou admiração dos artistas. “O espaço é ótimo, bonito. É uma surpresa encontrar teatros, como esse, em cidades do interior”, conclui a atriz Inês Peixoto.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

AFONSO VIEIRA



A MÚSICA É MINHA AMIGA

Afonso Vieira. Sua primeira definição é de um geminiano que faz coisa bem feita. Nascido nas Minas Gerais, malabarista das vaquetas, digamos que você pode ler essa entrevista ao som de um Jazz. Música, aliás é sua alma, é dela e pra ela que ele vive, e faz desse viver uma aventura.

Juliano:Afonso, Porque você é músico?
Afonso Vieira: Pô! Pergunta do caralho. Sou músico porque a música entrou em mim desde que eu vim ao mundo. Meu pai tocava Jazz Band com meu tio, foi com esse tio que eu comecei a tocar. O meu primeiro instrumento, ainda no grupo escolar foi um arcodeon. Tive contato com outros instrumentos na casa de um amigo de infância. Depois, já maior, no Colégio Cataguases, vi no museu um berimbau; o diretor disse que se eu conseguisse tirar som daquele instrumento ele o dava pra mim, eu toquei e ganhei.

J:Tem quanto tempo que você faz da música o seu viver?
A.V: Bom, tinha aquele tio, que eu falei, o tio Vadinho. Ele viu que eu tocava bem e tocava muito. Me levava a bailes e foi então que e comecei a tocar bateria. Um dia teve um show da Sylvia Telles na minha cidade, ela me viu no local do show ajeitando a bateria pra banda dela, eu estava lá fazendo um barulho. Ela me perguntou `Como você consegue?` , e eu disse a ela, `Eu escuto disco, rádio´. Aí ouve um problema com o baterista da banda e ela me convidou pra fazer o show com eles. Sabe, eu tenho um modo diferente de sentir a música, eu não gosto de repetição. Eu gosto de criar.

J: E você foi em borá da sua cidade com a banda da Sylvia Telles?
A.V: Não. Algum tempo depois, em 1965 fui para o Rio. Morava em uma república com um poeta e um artista de teatro. Aí tem um caso engraçado, pois foi quando vi que precisava ganhar dinheiro, afinal vivia antes na casa da mãe, e a gente não tem que se preocupar com algumas coisas na casa dos pais. Pois bem, um dia a pasta de dente acabou e aí saí e comecei a rodar, tocar pra me sustentar. Meu primeiro trabalho foi com o Valdir Calmon, na boate Arpéje. Fiz muitos bailes, comecei a tocar com bons músicos. Trabalhei na Globo, na Ecelsius... Um dia eu estava no Leme e um pianista da banda da Elza Soares veio me chamar pra tocar com eles, a Elza tinha me visto tocar na TV. Fizemos muitos shows, viajamos muito. Participei do Festival da Record com ela, outro dia vi imagens desse festival na TV e até assustei, ‘Pô! Que esquisito, esse garoto na frente da orquestra, foi legal.
J: E outras pessoas foram vendo o seu trabalho...
A.V: Sim. Um empresário italiano viu aquilo e comprou os shows, fomos tocar no Teatro Cistina, em Roma.
J: E aí? De repente você está tocando no Rio, Brasil... O que você sentiu ao se apresentar em outro país, outra cultura?
A.V: Nunca me intimidei em nada, porque a música é minha amiga.
J: Você ficou muito tempo na Europa com a banda da Elza?
A.V: Rapaz, estava tudo indo bem pra caralho, até que a Elza resolve mudar de empresário, e deu merda. Disse ‘ Tô fora, quero a passagem para Roma’ , você sabe, né? Deu merda mesmo, quando me vi, estava no aeroporto com mochila, bateria, sem dinheiro. É isso mesmo a vida de músico, mas é legal. Só me perguntava ‘ Com o eu faço agora?’ , aí tinha uma prostituta, que era apaixonada comigo e ela era da alta, tinha grana e me salvou. Olha só! Aconteceu uma coisa, não sei se você acredita nessas coisas meio místicas, mas um dia apareceu um garotinho loiro e ele me deu uma estrelinha do mar, assim do nada, quando olhei de novo não o vi mais. Bom! Coloquei a estrelinha na bolsa, ela se desfez ali dentro, mas uma semana depois um produtor de Jazz bate na porta da pensão dizendo que precisava de gente pra tocar na noite que a Ella Fritgerard iria se apresentar. Os anos 70 começou assim pra mim, gravei discos, programas de TV na Europa... O Baden Powell morava em Paris, encontrava sempre com ele, a gente adorava tocar junto, comecei a tocar também com o Tony Scott; fui pros Estados Unidos, toquei lá também na Rádio City. Gravei um disco que foi muito premiado, O último Tango em Paris, toquei com George Adans, nossa muita coisa, muita gente...

J: Você gosta mesmo é de Jazz, é isso?
AV: Sim. Jazz! Mas é um Jazz que eu misturo com ritmos brasileiros.

J: Quem e o melhor Baterista do mundo?
AV: Não existe. Ninguém é melhor que ninguém. Existe na música um local aonde você quer chegar. Eu consegui chegar em festivas onde se reuniram os melhores músicos do mundo. Não existe o melhor, existe quem sabe fazer, quem não sabe e quem engana.
J: O que é o Jazz?
AV: Isso que eu falei, Jazz é uma reunião de músicos. Jazz é uma linguagem. Os grandes solistas de Jazz dizem que é a bateria, aquela base, aquele movimento de pulsação. Jazz é uma coisa espiritual.

J: Qual foi o seu melhor momento profissional?
AV: Foi uma noite em que eu cheguei num clube de Jazz e o saxofonista falou comigo, ‘É hoje! Eu quero tocar só eu e você’. E tudo veio na cabeça naquela noite, tocamos muito.

J: O que você está fazendo no momento?AV: Estou desenvolvendo um trabalho com o Pianista Márcio Hallack. Temos uma sintonia, eu e ele, ele pensa e eu já to.