sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Travessia Araras Secretário



A travessia Araras - Secretário pertence ao Parque Nacional das Serras dos Órgãos, no estado do Rio de Janeiro, é um trecho do antigo caminho do ouro, aberto pelos Bandeirantes para chegar às Minas Gerais.





No dia 19 de fevereiro de 2012, o reporter que aqui vós escreve saiu às 8:12 da igrejinha de Nossa Senhora de Lourdes, em Araras, distrito de Petrópolis, rumo a outro distrito, Secretário. O caminho é belo, às vezes tenso, triste, cansativo, mas também, e em uma fração de segundos se transforma em algo calmo, alegre e prazeroso.



O trajeto tem aproximados 15 km, é considerado pelos trilheiros como uma atividade de montanhismo leve, da igrejinha até o bar do cinema, estima-se o tempo de 4 a 6 horas de caminhada. É de grande valia o uso do filtro solar, chapéu, calça e um calçado apropriado. Como em todo caminho, a água e a comida aparecem quando mais precisa.


Em frente a igrejinha fica a rua da Perobas, que segue em uma subida de apróximada uma hora até o início de uma trilha, alguns requícios de um caminho de pedra surgem vez e outra no meio da mata fechada da serra, um mapa feito pelo trilheiro Waldyr Neto me guiou, e me deu uma grande sensação de felicidade quando vi uma nescente, indicada no mapa ( caminho certo!),depois o lajão de pedra, sobe, sobe, e chega- se nas três torres de energia, descanso na coluna de pedras de uma delas; sobe mais um pouco e é o ponto mais alto da trilha, do lado de secretário a vista é ainda maior, dali em diante, é descida, muita descida.



O dia prata encobriu a maior elevação da região, a pedra da Maria Cumprida, o que foi positivo, pois como estava sozinho, fixei o olhar nas marcas deixadas por outras pessoas que por ali passaram, o início da descida é um caminho de vegetação rasteira, quase que a trilha some diante de tanto mato seco e pequenos arbustos, um grande zigue zague e eis que surge um abismo e a mata brotando de dentro dele, um barulho, um rugido, desci como Indiana Jones, mão no chapéu e pulos enormes pelas pedras e solos firmes, fui parando e há dois passos estava uma colônia de marimbondos, abri um caminho do lado e segui estradinha, que agora começava a se alargar, e novamente se ouvia o gostoso barulho das águas nas pedras, do vento nas folhas, o canto de muitos pássaros.



A estrada a esse ponto dava sinais de habitação, mas algo muito raro seria alguém passar por lá, eis que surge um casal montado a cavalos, perguntei se estava no caminho para Secretário, sim, estava, que bom, condômínios, riachos, muitos pássaros, cheguei ao Bar do Cristóvão, o do frango assado, conheci o Cristóvão e a Vera, mostrei o livro para eles,  sentei um pouco pra descansar, beber água, me deram um pratinho com linguiça, feita na hora, uma moça que passava perto me abordou mais a frente do caminho e perguntou se eu era o rapaz que fez a travessia, sim, sou eu, ela tinha um sotaque diferente, era da República Dominicana, seu nome é Mérida, fui com ela e os amigos até a cachoeira da Rocinha, outro ponto do mapa, lá tomei uma banho gostoso com direito a uma hidromassagem natural.



O caminho segue descendo e esportistas começam a aparecer, corredores, ciclistas. Há um grande hotel as margens da estrada. Segue e aparecem pequenas propriedades, depois uma pastagem e muitos bois brancos, ponte de pedra, de madeira, e um caminho reto, que parece não ter fim devido a força do sol, surge a estrada de asfalto e a placa, Secretário, bar do Cinema. São 13:28. Que sensação de felicidade enorme, de superação e capacidade.


A medida que o tempo de caminhada avança, surge também algumas pessoas que se tornam quase uma benção com a simples informação. Conheci a Vera, a Helena e sua pequena cachorrinha, havia o André, que pensou que eu fosse uma entidade; na descida ao lado da grande cachoeira vi um rapaz subindo de bicicleta pela estrada de paralelepípedos, ao cruzarmos nossos caminhos, vi que era um desses jovens talentos globais, o Raoni Carneiro, bem mais a frente uma mulher de calça azul cintilante e blisa amarela me disse que faltavam uns 20 minutos até o centro de Secretário, que maravilha.


A maior parte da caminhada tem o som da água, além das quedas, riachos de pedras, eis que de repente surge uma nascente enorme, clara como munca vi, no meio da estrada, ela borbulhava de tanta água que jorrava.


No Caminho: Atividades como esta permitem uma renovação espiritual e física. Há momentos em que o cansaço, medo, dor, pavor, tristeza, podem dominar a capacidade de resistência e este momento da superação de nossas próprias imperfeições é o que defino como Fé.






O livro Trlhas de Petrópolis, de Waldyr Neto é uma excelente referência para os amantes da natureza e da história exuberantes desse nosso Brasil. Tive a sorte de estar hospedado em Araras, o que permitiu que o final da minha aventura acontecesse em frente à igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na pequena vila do arraial das Araras, acontecia um encontro cristão de jovens, que o padre André, um dia antes em uma linda missa, pediu em oração; a propósito, na confortável celebração do sábado, dia 18, o trecho do evengélio escolhido era de São Marcos, e o sermão não podia ser melhor, sobre a saúde da alma, responsável diretamente pela qualidade de nossa breve existência neste corpo humanoíde.


Colaborou: O amigo e chefe lider querido Marcelo Peixoto.